Realismo é um movimento artístico e literário que surgiu na França, na segunda metade do século XIX, com o objetivo de retratar a realidade de forma objetiva, crítica e analítica. O movimento se expandiu pela Europa e pelo mundo, tendo grande influência nas artes, na filosofia e na literatura.
Contexto histórico
O surgimento do Realismo está diretamente relacionado às profundas transformações sociais, econômicas e científicas ocorridas no século XIX, como a Revolução Industrial, o fortalecimento da burguesia e o avanço das ciências e da tecnologia. A sociedade vivia intensas lutas sociais, e a arte passou a refletir essas mudanças com um olhar racional e descritivo.
Entre as principais correntes de pensamento que influenciaram o Realismo estão:
- Positivismo: defesa do conhecimento baseado em fatos e experiências (Comte);
- Determinismo: ideia de que fatores genéticos, sociais e ambientais moldam o comportamento humano (Taine);
- Evolucionismo: explicação da sociedade e da natureza a partir da teoria da evolução (Darwin);
- Cientificismo e Racionalismo: valorização dos métodos científicos e da razão.
O Realismo se opôs ao Romantismo, rejeitando a idealização, a emoção excessiva e o subjetivismo característicos do movimento anterior.
Características do Realismo
As principais características do Realismo são:
- Representação fiel da realidade social, sem idealizações;
- Crítica e denúncia social, especialmente contra as elites;
- Análise psicológica profunda dos personagens (conflitos, medos, ambições);
- Objetividade e imparcialidade na narrativa;
- Linguagem descritiva e detalhada;
- Predominância da prosa (romance e conto);
- Uso frequente de narrador em terceira pessoa;
- Pessimismo em relação à sociedade e à natureza humana;
- Vínculo com teorias científicas, filosóficas e sociais da época.
Principais autores e obras do Realismo
França
- Gustave Flaubert: autor de Madame Bovary (1857), considerado o marco inicial do Realismo literário.
Portugal
- Eça de Queirós: autor de O Crime do Padre Amaro (1875), O Primo Basílio (1878), O Mandarim (1879) e Os Maias (1888).
- Antero de Quental: defensor do movimento durante a Questão Coimbrã (1865).
Brasil
- Machado de Assis: maior representante do Realismo brasileiro, autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899).
- Raul Pompeia: autor de O Ateneu (1888).
- Visconde de Taunay: autor de Inocência (1872).
Artes visuais
- Gustave Courbet: um dos precursores da pintura realista, autor da obra O Homem Desesperado.
Realismo no Brasil
O Realismo brasileiro teve início com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em 1881. O movimento literário desenvolveu-se em um contexto de importantes transformações sociais, como a Abolição da Escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889).
A literatura realista brasileira se destacou pela crítica social, pela análise psicológica dos personagens e pela linguagem irônica e ambígua, características muito presentes nas obras de Machado de Assis.
A circulação literária se dava principalmente nas capitais, e muitas obras eram publicadas em folhetins (seções de revistas e jornais).
Realismo em Portugal
Em Portugal, o Realismo se consolidou a partir da Questão Coimbrã, em 1865, um debate literário que opôs escritores românticos e realistas. O movimento propôs a denúncia dos problemas sociais e a representação fiel da realidade, sob influência de ideias modernas e científicas.
O grande nome do Realismo português é Eça de Queirós, cujas obras exploraram o adultério, a hipocrisia social, a corrupção e a decadência moral da sociedade da época.